"Os contêineres que trazem bens de consumo da Ásia são normalmente descarregados e depois embarcados de volta com as exportações de outras commodities exportações"
A falta de contêineres que acumulou diversos tipos de produtos nos portos pode ficar muito pior com maiores precauções da China contra o coronavírus em relação aos navios que chegam.
O desembarque de cargas na China e atrasos no retorno de navios quando o surto se restringia principalmente à Ásia deixaram armadores à espera de centenas de milhares de contêineres para transportar produtos.
Mas à medida que a doença se torna global, o porto de Fuzhou começa a colocar em quarentena navios que chegam de países como Estados Unidos por 14 dias, o que ameaça agravar a crise.
“São milhões de toneladas de capacidade eliminadas”, disse Greg Cherewyk, presidente da Pulse Canada, com sede em Winnipeg, que representa agricultores, operadores e processadores de legumes do país, como ervilhas e lentilhas. “Em um setor como o nosso, dependemos de contêineres.”
Os contêineres que trazem bens de consumo da Ásia são normalmente descarregados e depois embarcados de volta com as exportações de outras commodities.
O Brasil normalmente envia carne, celulose e café em contêineres para a China, uma rota que dura um mês em cada sentido, enquanto o Canadá os utiliza para transportar diversos produtos, como culturas especiais, madeira e papel.
A disponibilidade de contêineres em Hamburgo, Roterdã e Antuérpia, na Europa, e em Long Beach e Los Angeles, nos EUA, está nos níveis mais baixos registrados, de acordo com relatório da Bloomberg.
As importações aos portos de Los Angeles e Long Beach, que respondem por 35% dos contêineres que chegam aos EUA, caíram 13% nos primeiros dois meses do primeiro trimestre, disse Lee Klaskow, analista da Bloomberg Intelligence, em relatório na quarta-feira. O volume internacional pode acelerar com o aumento das exportações chinesas, disse.
A taxa de movimentação de contêineres no porto de Xangai caiu 19,5% em fevereiro em relação ao ano anterior, enquanto o índice de contêineres que saíam diminuiu 25%, de acordo com dados do Departamento Municipal de Estatísticas na quinta-feira.
Estresse
Legumes estão em alta demanda pois consumidores aumentam os estoques de produtos secos e embalados, e cerca de um terço das culturas canadenses dependem de contêineres para as exportações, disse Adnan Durrani, diretor-presidente da fabricante de alimentos Saffron Road, diz que obter certas especiarias, como curry da Tailândia, tem demorado mais do que o normal, com atraso de cerca de um mês.
O executivo conseguiu o que precisava, mas os custos de envio foram mais altos para chegar a tempo. O coronavírus “colocou um pouco de estresse na cadeia de suprimentos”, disse.
Cafeicultores brasileiros encontram dificuldade para garantir encomendas antecipadas, pois muitos contêineres que embarcam para a China não estão retornando.
Exportadores de carne suína dos EUA também são afetados pela oferta mais apertada, embora isso seja parcialmente explicado pelo volume recorde embarcado atualmente para a China, disse Laurie Bryant, diretora executiva do Conselho de Importadores de Carne da América.
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